As investigações da CPMI do INSS sobre o desvio de recursos de aposentados e pensionistas avançam e começam a revelar a dimensão de um dos maiores escândalos já registrados no país. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), foi duro ao avaliar o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.

Segundo Gaspar, o empresário mentiu em diversas respostas e tentou fugir das acusações. “Está aí um depoimento revestido de mentiras. Ele está no epicentro do maior roubo aos aposentados e pensionistas do Brasil”, afirmou.

Gaspar destacou que as investigações já apontam a existência de uma máfia estruturada dentro da Previdência, responsável por movimentar mais de R$ 2 bilhões em descontos indevidos. Um dado alarmante reforça o esquema: 97,6% dos beneficiários ouvidos disseram nunca ter autorizado os descontos associativos.

O relator também chamou atenção para o mercado de crédito consignado, que amplia ainda mais a gravidade do problema. “Enquanto os descontos associativos giravam em torno de R$ 300 a R$ 400 milhões, só em 2023 os consignados chegaram a R$ 7 bilhões por mês. O tamanho do problema é assustador”, disse.

Na avaliação de Gaspar, o “Careca” não é o chefe, mas uma peça intermediária da organização criminosa. “Ele é apenas uma passagem do dinheiro desviado do povo trabalhador brasileiro. Quem são os padrinhos dele, isso a CPMI e a Polícia Federal vão mostrar”, ressaltou.

O deputado ainda defendeu transparência e cobrou acesso às imagens das visitas do investigado ao Senado. “Somos funcionários do povo. Agora é avançar para o núcleo dos acontecimentos”. Ele adiantou que a lista de próximos convocados já está sendo preparada, mas preferiu não antecipar nomes, deixando a decisão ao presidente da CPMI

Fonte: Ceará Agora